quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Maquiagem nas contas do Carrefour

Auditoria de rombo do Carrefour é a mesma do PanAmericano
Por Mariana Barbosa/Carolina Matos
(Folha São Paulo - 01.12.2010)
A auditoria nas contas do Carrefour Brasil detectou um rombo contábil de R$ 1,2 bilhão. O valor é o triplo do que foi reconhecido em outubro pela matriz francesa, de R$ 400 milhões.
Em julho, a revelação de irregularidades nas contas da rede varejista no Brasil provocou a saída do então presidente, Jean Marc Pueyo, e de toda a diretoria.
Também provocou o rompimento do contrato com a auditoria Deloitte, a mesma envolvida no escândalo do banco PanAmericano.
A Deloitte foi responsável por auditar as contas do Carrefour nos cincos anos até 2009. Auditou, portanto, as contas de toda a gestão de Pueyo, que assumiu o cargo em 2006.
O prejuízo total da empresa foi revelado após a conclusão das auditorias interna e externa realizadas pela KPMG, contratada após a demissão de Pueyo.
Em entrevista a analistas ontem na França, o presidente mundial do Carrefour, Lars Olofsson, afirmou que o valor se refere a problemas apurados "nos últimos cinco anos ou mais".
Em nota, o Carrefour diz que as perdas, que serão incorporadas como despesas não recorrentes em 2010, envolvem itens como ajustes de depreciação e provisões ligadas a litígios trabalhistas.
A Folha apurou que a maquiagem no balanço da rede varejista decorre de uma prática considerada comum no varejo brasileiro no passado, mas que não combina com as regras de governança.
Trata-se de descontar, das despesas, bonificações negociadas com a indústria na compra de produtos. Mas nem sempre os descontos se materializam, e o balanço registra como despesa um valor inferior ao gasto.
A mesma prática teria provocado a saída do presidente do Walmart Brasil, Hector Nuñez, também neste ano.
Procurada, a Deloitte nega irregularidades nas contas do Carrefour. "Se o problema fosse relativo a anos passados, eles não seriam contabilizados em 2010, mas seria necessário refazer os balanços anteriores", diz Maurício Resende, sócio da auditoria.
Ele diz que tanto a Deloitte quanto a KPMG auditam contas do Carrefour globalmente e que sua substituição pela KPMG no país faz parte um rodízio determinado pelo cliente.
O Carrefour ressalta que há investigações em curso "que permitirão determinar a existência de possíveis responsabilidades". Essa apuração, de acordo com a companhia, deverá ser concluída até o fim do ano.
Apesar das perdas, Olofsson declarou que o Brasil é prioritário e que os planos de expansão estão mantidos.

Contabilidade de Custo: A importância para os processos de planejamento e decisão

O controle dos custos é o grande segredo da eficiência de uma empresa, pois os custos são medidas monetárias dos sacrifícios despendidos para se atingir um objetivo, sendo assim a coleta destes é de suma importância para os processos de decisão e planejamento da empresa.
Dentro dessa perspectiva podemos destacar quatro situações em que a coleta de dados é muito importante para decisões de planejamento do tipo: O que vamos fabricar? Quanto irá custar? Por quanto vamos vender? , controle entre real x orçado procurando sempre ajustar o custo orçado ao custo real, mensuração dos resultados e auxilia na decisão de MIX de produção, ou seja, aonde é melhor investir os recursos da empresa.
Como método de acumulação de custos tem-se duas formas: através de conexão com pessoas (contabilidade por responsabilidade) e por produtos, destinado a contabilizar todos os custos necessários para se colocar um produto no mercado.
Para a produção de um produto temos que arcar com os custos de transformação que podem ser divididos em duas grandes categorias: os custos de produção e despesas operacionais.
Os custos de produção se dividem em diretos quando podemos relacionados diretamente aos produtos e indiretos quando temos que despender muitos esforços para alocação destes custos, ou seja, o esforço supera o beneficio de se realizar estes cálculos, entre estas rubricas encontramos rubricas como lubrificantes materiais diversos, salários de supervisores, etc. de forma que os custos de produção são os custos diretos somados aos custos indiretos.
As despesas operacionais são aquelas que não estão incluídas nos custos de produção e são aqueles gastos que são feitos para manter e financiar as atividades da empresa, suportar os gastos com comercialização e manter sua estrutura, portanto estão vinculadas as gerações de receitas.
Um dos problemas da contabilidade é a apuração do gasto indireto de fabricação unitário, pois os gastos diretos são facilmente identificáveis. Estes custos devem ser alocados aos produtos conforme os seguintes critérios.
  • Alocação destes aos centros de custo;
  • Alocação dos custos de produção dos centros de custo aos produtos individualmente.
  • Seleção de um nível apropriado de produção.
  • Alocação de despesas operacionais aos produtos.
Alocar os custos e ratear os custos é dois processos distintos, alocar os custos é identificar e atribuir este custo a um determinado centro de custo ou atividade ratear é quando atribuímos custos mediante a algum critério preestabelecido como, por exemplo, alguns gastos indiretos não podem ser atribuídos a um centro de custo especifico como é o caso de alugueis, impostos, gastos com energia entre outros.
Essa alocação é feita através de taxas que estão ligadas a seguinte base de rateios: custo da mão de obra direta, horas de mão de obra direta, horas maquina e custo ou matéria prima consumida.
Alem desse sistema de rateio devemos separar os custos em fixos e variáveis com o objetivo de demonstrar como alguns itens são afetados conforme o nível de atividade planejada.
Para podermos calcular com mais precisão o custo unitário de um produto, ou seja, qual será a parcela de custos diretos que deve ser atribuído de acordo com o nível de produção podemos usar as seguintes bases: de capacidade, teórica, esperada e normal.
Por fim devemos entender que um custo de um produto não pode ser medido com completa exatidão, as decisões de planejamento e controle terão que ser tomadas baseadas em custo padrão (custo predeterminado) que só pode ser estimado se aplicarmos todos os passos mencionados acima. Agindo dessa maneira faremos com que este reflita o futuro e sirva de base para as decisões de presente garantindo assim a competitividade da empresa.

Fonte: Pedro Paulo Galindo Morales - http://www.webartigos.com/artigos

Glossário de termos contábeis

Ajustes: acertos que a empresa realiza na apuração do resultado (normalmente em final de período) para adequar-se ao regime de competência. Exemplos: material de escritório, seguros a vencer, devedores duvidosos, depreciação etc.
Amortização: corresponde à perda de valor do capital aplicado em Ativos Intangíveis (marcas, patentes, fundo de comércio, direitos autorais) e em benfeitorias em propriedade de terceiros.
Ativo: conjunto de bens e direitos controlados pela empresa; é a parte positiva do patrimônio.
Ativo circulante: disponível mais valores que serão transformados em dinheiro, consumidos ou vendidos a curto prazo: contas a receber, estoques...
Capital: poupança aplicada nas empresas; recursos (materiais ou financeiros) investidos pelos proprietários em suas empresas.
Capital a integralizar: capital a ser entregue à empresa na forma de bens ou dinheiro; capital a receber pela empresa, capital a realizar.
Capital próprio: recursos dos proprietários aplicados na empresa que não podem ser resgatados; por isso, são considerados como se fossem da própria empresa; conhecidos também como patrimônio líquido; não exigível.
Capital de giro: corresponde ao Ativo Circulante; recursos correntes, em movimentação.
Capital de terceiros: dívidas exigíveis; dívidas com diversas pessoas ou entidades: governo, fornecedores, funcionários, bancos, financeiras etc.
Capital subscrito: capital comprometido pelos proprietários: assinado, subscrito.
Ciclo operacional: decurso de tempo necessário para a empresa realizar uma operação do seu ramo de negócio.
Circulante: são os recursos em giro da empresa; os recursos de curto prazo, a receber ou a pagar.
Continuidade: princípio, regra contábil que se refere à entidade que está funcionando com prazo indeterminado; algo em andamento; não está em fase de extinção ou liquidação.
Contrato Social: contrato que estabelece as regras para uma sociedade.
Curto prazo: normalmente período de até um ano (365 dias).
Custo: é todo sacrifício (gasto) relativo a bens ou a serviços que serão utilizados na produção de outros bens ou serviços.
Demonstrações financeiras: relatórios contábeis exigidos por lei e pela legislação do Imposto de Renda: Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado do Exercício e Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados.
Demonstração do Resultado do Exercício: segunda demonstração financeira exigida pela legislação brasileira (a primeira é o balanço patrimonial). Ela indica o resultado (lucro ou prejuízo) do exercício (do ano ou período contábil).
Depreciação: diminuição do valor dos bens do Ativo Imobilizado resultante dos desgastes pelo uso, ação da natureza ou obsolescência (tornou-se antiquado, perdeu a competitividade).
Despesa: todo sacrifício (esforço) realizado pela empresa no sentido de obter receita. Pode ser vista também como o consumo parcial ou total do ativo (ativo expirado), ou seja, um ativo que já não traz benefícios à empresa.
Dividendos: distribuição do lucro em dinheiro.
Equação contábil: Ativo – Passivo Exigível = Patrimônio Líquido
Entidade contábil: pessoa para quem é mantida a Contabilidade, podendo ser pessoa jurídica ou física.
Exaustão: corresponde à perda de valor decorrente da exploração de direitos cujo objeto sejam recursos materiais, ou florestais, ou bens aplicados nessa exploração.
Exercício social: período social, período de um ano; período a que se referem as demonstrações financeiras.
Exigível a longo prazo: são obrigações que vencerão a longo prazo: financiamentos, títulos a pagar etc. Faz parte do Passivo Não Circulante.
Intangível: bens incorpóreos, sem corpo.
Lançamentos contábeis: escrituração contábil; registros contábeis.
Longo prazo: normalmente, período superior a um ano.
Lucro presumido: lucro fiscal (tributário), calculado multiplicando-se um percentual sobre as vendas, servindo de base de cálculo de Imposto de Renda e Contribuição Social para algumas empresas permitido pelo Fisco.
Lucro Real: lucro fiscal (tributário); lucro que serve de base para cálculo do Imposto de Renda. É calculado no Livro de Apuração do Lucro Real.
Método das Partidas Dobradas: cada operação contábil dá origem a um lançamento duplo: débito e crédito. Não há, portanto, débito sem crédito. Daí a origem do Balancete de Verificação: o total do débito deve ser igual ao total do crédito.
Notas explicativas: notas de rodapé; informações adicionais; informações que complementam as demonstrações financeiras.
Não circulante: são os recursos em giro da empresa; os recursos de longo prazo, a receber ou a pagar.
Obrigações exigíveis: obrigações reclamáveis; no momento em que a dívida vence, sua liquidação é exigida; patrimônio exigível.
Padronização dos registros contábeis: uniformização dos nomes das contas a serem movimentadas pela contabilidade; uniformização de nomenclaturas e procedimentos.
Partidas: lançamento, registro.
Partidas simples: processo de lançamento em que apenas se debita sem que haja crédito correspondente ou apenas se credita sem que haja débito correspondente.
Passivo circulante: compreende obrigações que, normalmente, serão liquidadas a curto prazo: contas a pagar, fornecedores, impostos a recolher, empréstimos etc.
Pessoa física: ser natural, indivíduo considerado como tal a partir do seu nascimento.
Pessoa jurídica: ser abstrato, constituído legalmente através de um contrato, formado por duas ou mais pessoas.
Realizável a Longo Prazo: ativos que serão transformados em dinheiro a longo prazo: empréstimos concedidos a coligadas ou controladas, a diretores etc.
Receita: venda de bens ou serviços ou o resultado positivo dos investimentos realizados pela empresa. A receita aumenta o ativo.
Regime de caixa: regime de contabilidade em que apenas se considera, para apurar o resultado, a receita recebida e a despesa paga.
Regime de competência: regime de contabilidade recomendado pela teoria contábil e pela legislação brasileira; nele, para se apurar o resultado do exercício, consideram-se a receita gerada (ganha) no período – mesmo que não tenha sido recebida – e a despesa consumida (utilizada, incorrida) no período – mesmo que não tenha sido paga.
Tangível: bens corpóreos, físicos.
Usuários da contabilidade: pessoas ou entidades interessadas em conhecer a situação da empresa para a tomada de decisões: administradores, gerentes, governo, bancos, fornecedores etc.
(Fonte: MARION, José Carlos. Contabilidade Básica, 10. ed. - São Paulo: Atlas, 2009)

PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE CUSTOS

1-      O que é Contabilidade de Custos.
A contabilidade de custos pode ser definida como um conjunto de registros específicos, baseados em escrituração regular (contábil) e apoiada por elementos de suporte (planilhas, rateios, cálculos, controles) utilizados para identificar, mensurar e informar os custos das vendas de produtos, mercadorias e serviços.

2-      Qual a diferença entre custos diretos e indiretos? 
Os custos diretos são aqueles que são facilmente atribuíveis a um determinado bem ou serviço (ex: materiais diretos, mão-de-obra direta). Já os custos indiretos são aqueles custos que beneficiam toda a produção de um bem ou serviço (ex: energia elétrica, aluguel, mão de obra indireta, etc.)

3-      Quais os principais objetivos básicos da Contabilidade de Custos.
A contabilidade de custo foi desenvolvida para fornecer informações de custos para os usuários da contabilidade, além de cumprir uma exigência fiscal, é um valioso instrumento de gestão, fornecendo informações que possibilita à administração gerenciar suas atividades produtivas, comerciais e financeiras

4-      Qual a importância da análise estratégica de custos?
A análise estratégica de custos se inicia eliminando as atividades que não adicionam valor à companhia, com isso poderá reduzir os custos, como conseqüência, reduzir os preços passados para o mercado, ou seja, seus clientes e, estará utilizando desta área como um diferencial perante o concorrente, obtendo uma vantagem sobre eles.

5-      Qual a diferença entre custos fixos e custos variáveis? 
Os custos fixos são aqueles que independem do volume de produção ou venda, representam a capacidade instalada que a empresa possui para produzir e vender bens ou serviços. Já os custos variáveis são aqueles que estão diretamente relacionados com o volume de produção ou venda, ou seja, quanto maior for o volume de produção, maiores serão os custos variáveis totais.

6-      Qual a diferença entre custos e despesas?
Os custos compreendem a soma dos gastos com bens e serviços aplicados ou consumidos na produção ou fabricação de um produto ou execução de um serviço. Já as despesas compreendem os gastos decorrentes do consumo de bens e da utilização de serviços das áreas administrativa, comercial e financeira, que direta ou indiretamente visa a obtenção de receitas

7-      O que significa Ponto de Equilíbrio?
É o valor ou a quantidade que a empresa precisa vender para cobrir o custo das mercadorias vendidas, as despesas variáveis e as despesas fixas. .

8-      Quais os principais objetivos básicos da Contabilidade de Custos.
A contabilidade de custo foi desenvolvida para fornecer informações de custos para os usuários da contabilidade, além de cumprir uma exigência fiscal, é um valioso instrumento de gestão, fornecendo informações que possibilita à administração gerenciar suas atividades produtivas, comerciais e financeiras

9-      Por que é necessário que as empresas industriais tenham um bom sistema de Custos?
As empresas industriais têm uma maior produção, isto dificulta o rateio correto de todos os custos, por isso é importante que ela tenha um bom sistema.

10-   Os fatores de custo de um produto em uma empresa industrial são os mesmos que em uma comercial? 
Parcialmente. Para exemplificar: os custos fixos e os custos variáveis são diferentes de uma empresa para outra como por exemplo, enquanto a indústria tem gastos com matéria prima para produção a empresa comercial não tem.

11-   O que são considerados custos de transformação?
São os custos de transformação do material em produtos. É a soma de mão-de-obra indireta e custos indiretos de fabricação.

12-   O que são custos semivariáveis?
São aqueles que possuem uma parcela fixa e uma variável.

13-   O que são os Custos Indiretos de Fabricação – CIF? Exemplifique.
São todos os custos indiretos consumidos e/ou produzidos na fábrica. 
Exemplos: depreciação, aluguel, salário do supervisor.

14-   O que é margem de contribuição?
É quanto cada serviço ou produto vendido contribui para pagar as despesas fixas mensais e quanto contribui para formar o “lucro”.


15-   É verdade que o custo variável unitário é fixo, enquanto o custo fixo unitário é variável?
Sim. Em termos unitários, os custos variáveis permanecem constantes, já os custos fixos unitários podem oscilar dependendo do volume de produção ou venda.

SITES

LIVROS INDICADOS

George Leone – Curso de contabilidade de custos.
José Hernandez Perez Junior e Luiz Martins de Oliveira – Contabilidade de custos para não contadores.
Eliseu Martins - Contabilidade de custos
Hong Yuh Ching e Fernando Marques - Contabilidade e Finanças para não Especialistas.

REFERENCIAS E CITAÇÕES

“Os resultados provêm do aproveitamento das oportunidades e não da solução dos problemas. A solução de problemas só restaura a normalidade. As oportunidades significam explorar novos caminhos”. (Peter Drucker)

“Um excelente sistema de contabilidade gerencial não vai sozinho garantir o sucesso nos mercados de hoje (...). Mas um sistema de contabilidade gerencial ineficaz pode minar o desenvolvimento de produtos, o aprimoramento de processos e os esforços de marketing. Onde um sistema de contabilidade gerencial prevalece, o melhor resultado ocorre quando os administradores entendem a irrelevância do sistema e se desviam dele criando sistemas de informação personalizados”. (Kaplan & Johnson)

"Obsolescência dos sistemas de contabilidade gerencial contemporâneo deve ser uma fonte de grandes problemas para os administradores das grandes organizações diversificadas". (Kaplan & Johnson)